Embora a Ucrânia e a Rússia estejam a mais de 10 mil quilômetros de distância do Brasil, é importante você saber que a guerra no leste europeu afeta o preço do combustível vendido no posto do seu bairro.
Tanto que a Petrobras acaba de anunciar um novo aumento para a gasolina e o diesel, buscando evitar prejuízos financeiros.
E o principal motivo para o aumento é a valorização do barril do petróleo no mundo, o que interfere diretamente na precificação da gasolina pela Petrobras.
Desde que o mercado notou a intenção da invasão russa no dia 21 de fevereiro, o preço do barril Brent valorizou cerca de 36%, saltando de US$95,39 para US$130,31 no dia 9 de março.
Mas a alta do barril é apenas uma das razões. Nesta matéria, o time do Zul+ te explica tudo o que você precisa saber sobre como a guerra na Ucrânia afeta o preço do combustível no Brasil.
Por que o barril do petróleo aumentou?
O barril do petróleo aumentou porque a oferta da commodity está reduzida com o início da guerra.
A Rússia é hoje a segunda maior exportadora de petróleo no mundo, responsável por aproximadamente 11% da produção mundial.
Porém, países como EUA e Reino Unido se negam a importar combustível russo como forma de retaliar as ações do Kremlin na Ucrânia. Dessa forma, aproximadamente 7 milhões de barris deixam de ser comercializados diariamente.
Como defesa contra o embargo econômico, Putin já decretou a proibição de importação e exportação de matérias-primas, o que deve afetar as atividades econômicas em diversos países, como o próprio EUA e a Alemanha.
Por outro lado, os Emirados Árabes Unidos entraram com um pedido à Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) para elevar o nível de produção de petróleo dos países membros. O objetivo é aumentar a oferta e controlar os preços dos barris.
A medida foi um aceno positivo ao mercado. No dia 10 de março de 2022, o barril já era cotado em US$112,37 (R$567,46), uma queda de 13% em relação ao dia anterior.
Como o preço da gasolina é definido?
No Brasil, o preço da gasolina é basicamente calculado a partir do valor do barril do petróleo, da cotação do dólar e de impostos estaduais e federais. Entenda como o preço é definido:
1) Custo Petrobras | 35,6%
Referente ao custo da produção do combustível e aos lucros da Petrobras, que leva em consideração o valor do barril do petróleo em dólar para precificar a gasolina vendida no país.
2) Tributo estadual | 28%
O ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) é um tributo estadual que também incide sobre o preço da gasolina. Ele é calculado a partir de um preço de referência, definido pelos governos de 15 em 15 dias.
Além disso, o ICMS sobre a gasolina é diferente de estado para estado. Em São Paulo e em Santa Catarina, é de 25% sobre o preço de referência. Já no Rio de Janeiro, é de 34%. Na Bahia, 28%
O ICMS é o verdadeiro culpado pelo aumento? Descubra em nosso post sobre por que a gasolina está tão cara.
3) Tributos Federais | 12,6%
Cide. PIS/Pasep. Confins. Esses são os 3 tributos federais que compõem 12,6% do preço da gasolina no Brasil.
A Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) se refere à comercialização de derivados do petróleo. O PIS/Pasep são tributos cobrados para subsidiar abono salarial e seguro-desemprego. Já o Confins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) custeia investimentos em saúde, previdência e programas de assistencialismo.
4) Etanol anidro | 14,8%
De acordo com portaria de 2006 da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), a gasolina vendida nos postos brasileiros deve ser composta de 73% de gasolina e 27% de etanol anidro.
Durante 2021, o álcool também ficou mais caro e deixou de ser uma alternativa barata em relação à gasolina. Entenda por que o etanol está tão caro aqui.
5) Lucro dos postos | 9%
Por último, há também uma margem para os custos e lucros dos postos de combustíveis, que varia de acordo com cada empresa e suas características de mercado.
Como funciona a política de preços da Petrobras?
A Petrobras utiliza a Política de Paridade de Preços de Importação (PPI) que acompanha a cotação do barril do petróleo no mundo (Brent) e leva em consideração a desvalorização do real frente ao dólar para determinar o preço do combustível repassado às distribuidoras.
O principal objetivo da PPI é aumentar os lucros da empresa, visto que a Petrobras é também uma grande exportadora de petróleo.
Por que a gasolina vai aumentar?
A gasolina vai aumentar por conta da necessidade da Petrobras de acompanhar o preço do barril do petróleo no mundo. De acordo com a Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis), a defasagem no preço da gasolina brasileira já estava em 30%, já que o combustível não sofria um reajuste desde o dia 12 de janeiro de 2022.
E nesse cenário, a Petrobras precisou reduzir sua margem de lucro, custeando a produção e distribuição do combustível no Brasil – o que é ruim para a empresa, acionistas e para a arrecadação da União. Embora tenha capital aberto, 51% da Petrobras ainda é pertencente ao estado brasileiro.
Com o novo aumento, a gasolina passa a custar 18,77% mais cara nas distribuidoras. Já na bomba de combustível, esse aumento deve ser de aproximadamente R$1,12.
Levando em consideração o último levantamento de preços da ANP em janeiro de 2022, a gasolina deve saltar de uma média de R$5,97 para R$7,09.
Perguntas Frequentes
A guerra na Ucrânia pode influenciar no preço da gasolina devido à sua localização estratégica como rota de trânsito de gás natural e petróleo, causando preocupações com interrupções no fornecimento e aumentando a volatilidade nos mercados de energia.
A guerra pode afetar o preço do petróleo devido às preocupações com interrupções na produção e no transporte, o que aumenta a volatilidade e os custos de fornecimento.
O preço mais alto da gasolina no Brasil foi registrado em 2022, chegando a ultrapassar R$ 7 por litro em algumas regiões do país.
No Brasil, em 2024, a gasolina registrou um aumento de R$0,15 equivalente a um aumento de 12,5% no preço.