De alguns anos para cá, o tema dos transportes vem sendo substituído pelo termo mobilidade. Mais abrangente, a palavra diz respeito a tudo aquilo que tem a capacidade e a facilidade de se locomover, ou seja, que é móvel. Isso inclui pessoas, automóveis, motos, bicicletas, patinetes, trens, caminhões e por aí vai.
Quando falamos de mobilidade nas grandes cidades, a sustentabilidade é outro termo que costuma aparecer junto. De bate-pronto, pensamos que sustentável é algo que remete ao meio ambiente, mas a verdade é que o adjetivo se refere a um debate muito mais amplo.
Mobilidade urbana sustentável
A mobilidade urbana sustentável envolve a locomoção nas cidades de um modo que seja eficiente e, ao mesmo tempo, não comprometa a capacidade de atender às necessidades das futuras gerações. Por isso, precisamos pensar em processos de deslocamento cada vez mais interligados, rápidos e que utilizem recursos renováveis.
Aquele modelo de cidade com excesso de carros, poluição, barulho e congestionamento aos poucos vai sendo trocado por iniciativas que priorizam pessoas, não importando o meio de transporte. Aliás, você pode se locomover de diferentes maneiras ao longo do dia: ir de carro até um ponto do trajeto, trocar por transporte público para outra parte e depois pedalar ou andar de patinete num terceiro momento.
Para que isso ocorra, os municípios precisam estar preparados para atender a essas demandas. O Brasil possui a PNMU (Política Nacional de Mobilidade Urbana), uma lei federal que determina a obrigação de municípios brasileiros, com mais de 20 mil habitantes ou pertencentes a regiões metropolitanas, a apresentarem e implementarem planos de mobilidade urbana.
Dentre seus objetivos, a PNMU busca “promover o desenvolvimento sustentável com a mitigação dos custos ambientais e socioeconômicos dos deslocamentos de pessoas e cargas nas cidades”.
Meio ambiente
Um dos pilares da mobilidade urbana sustentável é a redução das emissões de CO² (gás carbônico) com a adoção de meios de transporte mais limpos, seja pela mobilidade ativa (como caminhar e pedalar), transporte público eletrificado (trens, metrô e ônibus elétricos) e veículos individuais que eliminem o motor a combustão (gasolina e diesel).
Segundo o relatório Transport and Climate Change Global Status Report, apresentado em 2018 na 24ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 24), o setor de transportes é responsável por um quarto das emissões globais de gases de efeito estufa. E entre os modais, os carros leves lideram com 45% do volume emitido, seguidos por caminhões (21%), aviões e navios (11%), ônibus e micro-ônibus (5%), triciclos e motocicletas (4%) e trens (3%).
Acessibilidade
A mobilidade urbana sustentável também envolve pensar em soluções que integrem os diferentes meios de transporte e requalifiquem o espaço público. Aqui estamos falando, por exemplo, de ciclovias que tenham ligação com o metrô ou trem, bicicletários públicos e sistemas compartilhados (como bike sharing ou até mesmo carros elétricos).
Além disso, a acessibilidade precisa estar disponível para todos. As calçadas devem ser seguras para os pedestres, sem buracos e com o espaço necessário para a demanda de pessoas que por ali passam. Isso inclui pessoas com necessidades especiais de locomoção.
Alternativas de deslocamento
E se pensarmos em uma mobilidade sustentável, não podemos esquecer que facilitar os deslocamentos também diz respeito a eliminar grandes distâncias, algo que a pandemia de Covid-19 já nos forçou a repensar. As empresas perceberam que muita gente pode trabalhar de casa, com economia de custos e tempo. Com isso, o transporte público e o trânsito para os centros das cidades sofreram impacto. Já os bairros residenciais perceberam a necessidade de um setor de serviços mais próximo e eficiente.
São mudanças que ainda vamos sentir e avaliar pelos próximos anos. Mas uma coisa é certa: o futuro das cidades caminha para uma mobilidade cada vez mais eficiente, e isso não é possível sem sustentabilidade.