O transporte público é fundamental para os deslocamentos diários de milhões de pessoas que vivem em regiões periféricas e desejam chegar ao centro. No entanto, a ausência de uma infraestrutura eficiente e integrada prejudica a mobilidade dentro das áreas urbanas e perpetua a marginalização de uma população que se mantém afastada dos centros político, econômico e cultural.

Neste capítulo da série “Desafios da mobilidade urbana”, é debatido a relação entre a mobilidade urbana e o acesso a diferentes serviços nas grandes cidades. Este texto foi produzido pela estudante Karen Lyssa Aranki Teraçono, uma das vencedoras do concurso de redações elaborado pelo Zul Digital em parceria com as professoras Fernanda Ferreira dos Santos e Júlia Kodato do Colégio Palmares em São Paulo.


A mobilidade urbana é um desafio para as grandes cidades brasileiras, especialmente por conta das profundas falhas no sistema de transporte público. A falta de infraestrutura nos ônibus e nos trens desprivilegia as populações periféricas e empobrecidas que dependem desses serviços, marginalizando e excluindo esses cidadãos das áreas centrais do município. Dessa forma, muitos preferem o transporte individual, o que leva ao aumento da quantidade de automóveis nas ruas, agravando a crise climática que assola o mundo.

Para moradores das periferias de grandes centros urbanos, boa parte do dia é reservada à locomoção, muitas vezes em ônibus e trens superlotados e desconfortáveis. Dessa maneira, o acesso a serviços, cultura, educação e lazer, presentes em regiões centrais das cidades, torna-se inviável para esses cidadãos, perpetuando o processo histórico de marginalização de uma população empobrecida e desprivilegiada. Um sistema de transporte público ineficiente que impede a ocupação dos centros das cidades de maneira igualitária contribui para a manutenção de uma estrutura social antiquada, baseada na desigualdade e na exclusão de certos indivíduos.

Uma consequência da ineficiência do transporte público é o acréscimo da frota de carros nas cidades por conta da preferência pelo transporte individual. A quantidade excessiva de automóveis leva ao aumento de poluentes que deterioram a qualidade do ar e exacerbam o efeito estufa, causador do aquecimento global, problema que recentemente entrou na agenda do FMI, de tão agravada que a situação se encontra. A mudança climática é responsável pelo agravamento dos efeitos de desastres naturais ao redor do mundo, vitimando milhões de indivíduos de diversas nações. Caso não sejam tomadas medidas contra a crise climática que o planeta enfrenta, a humanidade estará mais próxima de uma catástrofe de proporções inimagináveis.

Dessa maneira, é possível concluir que a melhora no sistema de transporte público deve ser uma prioridade dos municípios, pelo bem de seus cidadãos. Governos municipais devem investir na infraestrutura dos transportes, mantendo o diálogo com a população de modo a criar mais linhas que atendam a população como um todo e integrem a periferia ao centro. Assim, todos os moradores poderão usufruir dos serviços que a cidade lhes oferece de maneira plena e igualitária, sem que haja qualquer tipo de segregação. Com a melhoria do transporte público, grande parte da população urbana poderá deixar de usar carros em favor de ônibus e trens, diminuindo a emissão de gases estufa e, consequentemente, contribuindo para o combate à crise climática.


Veja também as outras redações elaboradas por alunos do Colégio Palmares e selecionadas para serem publicadas aqui no blog do Zul Digital: “A deficiência da mobilidade brasileira” e “O custo da mobilidade”.