A grande diferença entre o câmbio automático e o manual é que, no carro automático, o motorista não precisa tirar as mãos do volante. No Brasil, a venda de carros com câmbio automático triplicou nos últimos 10 anos.
De acordo com dados da Jato divulgados pelo Auto Esporte, em 2018, os modelos com transmissão automática ou automatizada representavam 47,9% do total de vendas no Brasil. Há 10 anos, esse número era de apenas 12,7%.
O crescimento do número de veículos automáticos está relacionado ao conforto proporcionado por esse tipo de câmbio. Nas grandes cidades o trânsito faz parte do cotidiano do motorista e a troca de marchas intensifica o estresse.
Ter que ficar mudando a marcha por conta do congestionamento pode levar ao cansaço físico e mental do condutor. Por esse motivo, o câmbio automático aparece como a melhor solução para o “anda e para” das regiões mais caóticas.
Confira as melhores dicas para evitar o trânsito dos grandes centros urbanos em nosso blogpost completo sobre o assunto.
Como funciona o câmbio manual?
A embreagem e a alavanca são os dois componentes principais do sistema de transmissão de um carro manual. Nele, a escolha da marcha ideal é feita através do acionamento da embreagem pelo pedal e do deslocamento da alavanca para a marcha escolhida.
O uso da embreagem interrompe o torque do motor. Assim, durante a mudança de marcha, o motor é desativado pela embreagem para que o condutor selecione uma nova marcha. Após a alavanca estar encaixada na marcha certa, o motor é reativado pela embreagem de maneira progressiva.
Como funciona o câmbio automático?
No câmbio automático, a caixa de transmissão é composta por um sistema de engrenagens planetárias. Isto é, um conjunto de engrenagens que estão unidas em peças menores que giram em torno de uma engrenagem maior.
O sistema de engrenagens planetárias é o centro do câmbio automático, sendo a única peça capaz de criar todas as relações de transmissão que o câmbio pode produzir.
E, para criar a relação da marcha correta, as engrenagens planetárias recebem a informação através do conversor de torque. É ele que envia a força do motor para a caixa de transmissão através de um fluído.
Na prática, as trocas de marchas são feitas em função da velocidade do veículo e da rotação do motor. Ao pisar no acelerador, o motor acelera e bombeia fluído para o conversor de torque.
O sistema eletrônico do câmbio seleciona a combinação ideal das engrenagens para cada caso. A união de engrenagens em tamanhos diferentes faz com que a troca ocorra naturalmente sem a interrupção da transmissão de potência do motor.
E como funciona o câmbio CVT?
O câmbio de Transmissão Continuamente Variável, popularmente conhecido como CVT, funciona sem uma troca real de marchas. Ao contrário dos câmbios automático e manual, o câmbio CVT não tem engrenagens de transmissão e o aumento ou redução da marcha são realizados através de um cone hidráulico.
Para esclarecer o funcionamento do câmbio CVT, tente imaginar o câmbio de uma bicicleta. No pedal, há a coroa, e na roda traseira estão as catracas. No momento exato da mudança das marchas na bike, o ciclista sente um solavanco por conta da correia se encaixar em uma nova catraca (engrenagem).
No carro com câmbio CVT, não existe este salto já que, ao invés de engrenagens, há um cone hidráulico por onde a correia gira. Dessa maneira, esse tipo de transmissão aparece como uma solução mais econômica do que a automática já que não há perda de potência entre as mudanças de marchas.
Nomenclatura das marchas mudam no carro automático
D – do inglês drive, é a marcha usada para dirigir
P – significa parking, utilizada quando o motorista estaciona o carro e vai desligá-lo
N – Neutro, é usada quando o carro está parado e ligado
R – vem do inglês reverse, é a marcha ré.
Para mexer no câmbio é necessário que o motorista sempre pise no freio até que o carro esteja completamente parado. Só assim é possível trocar a marcha sem quebrar a transmissão do veículo.
Além disso, o carro automático tem outras funções que podem ajudar na autonomia e desempenho do veículo. Algumas delas são:
L – do inglês low, também pode ser encontrado nos câmbios como 1 ou 2. Equivale à primeira ou segunda marcha do carro manual e sua utilização é indicada quando o carro precisa de mais força em baixa velocidade, como quando está em uma subida íngreme com o carro pesado.
S – vem do inglês sport e, na prática, ele atrasa a mudança das marchas. Ou seja, caso o carro no D troque de marcha quando a rotação está em 2 mil rpm, por exemplo, com o botão S acionado, essa mudança ocorrerá em uma rotação mais alta.
Kickdown – Em alguns modelos automáticos, o sistema eletrônico faz uma leitura do comportamento do motorista. No momento em que ele pisar mais fundo, o carro reduz uma ou duas marchas para ganhar aceleração e ter uma resposta mais rápida
Downhill – mais conhecido como assistente de rampa, o sistema downhill faz com que o veículo permaneça parado em uma subida mesmo que o motorista tenha tirado o pé do freio.
O carro automático consome mais combustível que o manual?
Sim, o carro automático consome mais combustível do que um carro manual. Isso ocorre porque no processo de transferência da força do motor para a caixa de transmissão, uma quantidade de energia é perdida pelo conversor de torque. Além disso, o câmbio automático realiza as trocas de marcha em rotações mais altas do que o necessário.
Na transmissão manual, quem decide quando o carro precisa de mais ou menos potência, velocidade ou torque é o motorista, que faz as trocas na hora em que desejar. Por esse motivo, o carro manual tem um consumo de combustível menor do que o automático.
Como economizar com o carro automático?
A principal dica para economizar combustível no carro automático é perceber a troca de marchas do veículo e fazer com que ele realize essas trocas com o aumento da velocidade e não aumentando a aceleração, rotação do motor ou a pressão do óleo no conversor de torque. Ou seja, a troca de marchas precisa ser feita naturalmente e não em arranques.
Não é só com combustível. Veja quanto um carro pode custar em um ano em nossa matéria completa sobre finanças.
O que não fazer em um câmbio automático?
No automático, o pé esquerdo não é necessário
Na hora de dirigir um carro automático, o pé esquerdo deve ficar de lado. Nesse tipo de veículo, o condutor só vai precisar do pé direito porque a transmissão automática não tem embreagem. Assim, o motorista usa o mesmo pé para acelerar e frear o carro.
Pela prática em veículos manuais, muitos motoristas confundem os pés e acabam pressionando o pedal do freio com o pé esquerdo. O pedal do freio tem alta sensibilidade, e o pé esquerdo está acostumado a pisar na embreagem. Ou seja, ao pressionar o freio com o pé errado, o carro para de forma bruta aumentando o risco de acidentes.
Parar no semáforo e mudar de marcha
Parar no semáforo e colocar no ponto neutro é um erro que muitos motoristas de carros automáticos cometem acreditando que assim o veículo economizará combustível. No entanto, ao frear e parar por completo, o próprio câmbio automático interpreta que o carro está no ponto neutro.
Além de ser uma perda de tempo, o motorista pode acabar quebrando a transmissão caso não tenha freado completamente. Então, não há necessidade alguma do motorista mudar de marcha ao parar no semáforo.
Engatar a ré com o carro em movimento
Engatar a ré em um carro automático em movimento pode acarretar na quebra do câmbio. Por esse motivo, o veículo tem um sistema de trava em que o motorista não consegue engatar R se estiver em D ou N. Para acionar qualquer mudança no câmbio, é preciso que o carro esteja completamente parado, assim a transmissão não sofrerá nenhum tipo de tranco.